segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Pausa

Nobre leitor,

Só estou escrevendo este post para avisar sobre minha rescisão com a atual editora de "O Próximo Alvo" (A Bookmakers).

Ela fez um trabalho fantástico com o livro, mas por achar que algumas melhorias poderiam ser feitas, tanto na capa quanto na diagramação do miolo, decidi rescindir.

Como efeito, nas próximas semanas o livro será removido dos catálogos das livrarias.

Aguarde, que em breve trarei mais notícias.

Marcel T.

domingo, 15 de setembro de 2013

Crônica #26 - Transtornópolis


Saiu no Diário Oficial o que já era esperado. O Rio de Janeiro, a cidade maravilhosa que atrai eventos do mundo todo e está cada vez mais rica e em evidência, vai mudar de nome. Pois é, caro leitor, os poetas terão uma nova fonte de inspiração para homenagear a terra de Tom Jobim. Em vez de três palavras com uma sonoridade que evoca as coisas boas da vida, apenas uma para denotar a vocação para o trabalho: Transtornópolis.

O Rio vive uma febre de obras. É tanta placa onde podemos ler “desculpe o transtorno” (o certo seria “desculpe pelo transtorno”, vide crônica #8) que ficamos só pensando: Uau! Assim que essas obras acabarem, minha vida vai ficar uma beleza! Que cidade chique!

Algumas das obras realmente foram finalizadas. Justiça seja feita. Mas outras... suspeito que só colheremos todos os eventuais frutos mesmo depois da Copa, quando nossa frota de veículos estiver bem maior.

E além das obras, há também os grandes eventos! Jornada Mundial da Juventude, Copa das Confederações, Bienal do Livro, Rock in Rio, e mega encontro evangélico em Botafogo são apenas exemplos. Até corrida de avião acontece por aqui. Se eu dissesse que nenhum desses eventos causou transtorno aos moradores, vocês acreditariam? Por favor, digam que não. Só a referida corrida de aviões, por exemplo, deu um verdadeiro nó no trânsito da Zona Sul. Aliás, está cada vez mais difícil desatar os nós. Para fugir desse novelo as pessoas compram o quê? Carros. O problema é que mais carros geram mais nós. Um círculo vicioso.

Há dois dias, peguei um BOM engarrafamento dentro de um ônibus – um frescão, daqueles quase sempre confortáveis. Creio que o engarrafamento tenha sido reflexo do Rock in Rio. Detalhe: eu fiquei lá atrás, onde ele põem uma fileira de cinco assentos, e do meu lado esquerdo havia um homem de proporções generosas. Dormindo. Do meu lado direito havia uma mulher que, de forma similar, tinha bastante sobrepeso. Dormindo também. E para melhorar, a pessoa sentada à minha frente estava com o encosto totalmente reclinado. Senti-me em um compactador de carros velhos. Engarrafamento + desconforto = cenário ideal para uma sexta-feira 13 na futura Transtornópolis.

Mas os moradores têm que entender que a cidade é um sucesso e que os eventos cresceram. Quem não se lembra do secretário de transportes justificando um dia extra de fechamento das ruas do Centro da cidade durante o carnaval com a seguinte frase “as pessoas têm que entender que o carnaval do Rio cresceu” ?

Então é isso. Tenho que entender. Tenho que entender que a cidade recebe cada vez mais eventos que trazem riqueza e movimentam a economia. Só me resta ajudar a decidir como se chamarão os nascidos em Transtornópolis. A prefeitura vai fazer uma consulta popular, e as opções serão:


  1.         Transtornense.
  2.         Transtornado.
  3.         Sortudo.
  4.         Azarado.
  5.         Sentado-e-chorando

E você, caro leitor? Que opção marcaria?

Sem mais para o momento, deixo com vocês o famoso bordão: imagina na Copa!

domingo, 28 de julho de 2013

Link de resenhas atualizado

Acabo de atualizar a lista de resenhas.

Se quiser ler a nova resenha do Mademoiselle Love Books, basta clicar na capa do livro. Esta resenha revela um pouco mais da história, mas não acho que atrapalhe a experiência de leitura.

Abraço,

Marcel T.

domingo, 21 de julho de 2013

Minha primeira resenha


Escritor de primeira viagem esperando a primeira resenha é que nem mulher grávida: só espera. E a espera, para mim, finalmente terminou.

Lembro-me do filme Ratatouille, onde havia um crítico de gastronomia chamado Anton Ego. Ele era muito severo, difícil de agradar e tinha um senso de humor sombrio. Quando entrava no restaurante, a apreensão de todos era evidente. Os funcionários do estabelecimento observavam cada garfada dele, numa apreensão enorme, buscando nas expressões do rosto pistas que indicassem se o emprego deles estava em jogo ou não, se o futuro do restaurante seria uma catástrofe ou se seria a glória. É como esses funcionários que um escritor de primeira viagem se sente.

Depois de ter enviado dez exemplares do meu livro para dez blogs literários, esperei, e já expliquei como lidei com minhas expectativas no post anterior. Aprendi que não preciso temer as resenhas.  E se surgirem críticas, os profissionais da leitura a farão de modo profissional e respeitoso, sem se deliciarem com ironias, como Anton Ego talvez faria.

Enfim, nobre leitor, saiu a primeira resenha. Felizmente bem positiva.

Vocês podem acessá-la aqui:


E esse blog sorteará um exemplar. Não custa nada tentar, não é?

No meu blog, manterei sempre a lista atualizada de resenhas, acessível através de um clique na imagem da capa do livro. Aliás, neste link estarão sempre as informações mais atualizadas sobre como o livro pode ser adquirido. Os links fornecidos pelo mixliterario são apenas parte dos canais de vendas. Há outros com prazo de entrega melhor.

domingo, 7 de julho de 2013

Crônica #25 - Estão lendo meu livro


Já enviei meu livro para ser resenhado por dez blogs literários, numa ação para divulgá-lo e, ao mesmo tempo, para obter feedback. Atualmente, sei que responsáveis por pelo menos três blogs o estão lendo.
A opinião desses dez, e de outros leitores não tão imparciais (meus amigos e familiares) será como um termômetro, para que eu decida como e quanto investir na divulgação da obra.
Nos últimos dias tenho visitado o site de resenhas skoob.com.br, com alguma frequência e com uma certa apreensão, para verificar o andamento da leitura. O que será que estão achando?
Procuro pistas. Visito os blogs, mas nunca mando email para ninguém perguntando "e aí?". Eu seria um escritor extremamente chato se fizesse isso.
Uma das blogueiras, ao ver que a amiga está lendo "O próximo alvo" perguntou se estava gostando, pois ela mesma estava. Outra blogueira está ainda no início da leitura, na página 53, e diz que está gostando e que espera que a história "engrene logo".
Pensei: talvez a impressão que se tenha é que a história demora para engrenar. Ela está gostando, mas está numa página onde mostrei mais do perfil do protagonista, e onde a investigação principal ainda não começou. Será que deveria ter estruturado o livro de forma diferente? E se ela não gostar? E se nenhuma das blogueiras gostar? O que ela quis dizer exatamente com isso? Talvez a sinopse passe a ideia de que a trama se passa em 24 horas, quando na verdade se passa em alguns dias. E os amigos que compraram o livro? Será que entre eles farão comentários negativos entre si e vão me dizer que "gostaram muito"?

- Calma - Pensei para mim mesmo -, respire.

Não há nada de errado em acompanhar a evolução da leitura dos resenhistas, mas não é saudável perguntar-se a todo tempo o que eles estão achando, imaginando possíveis reações nas resenhas finais (das mais negativas às mais positivas). Nutrir expectativas extremas também não é uma boa. Dificilmente as resenhas sairão como eu imagino, para o bem ou para o mal.

Há alguns dias postei a seguinte imagem no Facebook:



O próprio processo de escrita do livro consistiu em várias falhas seguidas de um sucesso. Foram mais de doze versões do mesmo texto, e quatro anos se passaram desde a ideia inicial até o livro finalizado (claro, hoje em dia eu levaria bem menos tempo para escrever um livro). Cada versão do texto, cada ciclo de escrita foi uma tentativa de se chegar ao melhor texto para aquela trama, de suavizar o texto, de ajustar a cronologia dos acontecimentos, de acertar os diálogos, de eliminar erros gramaticais e vícios de linguagem, etc.
Cada um dos ciclos intermediários foi um fracasso no seu intento individual, pois não gerou o texto final, mas foram eles que resultaram no sucesso, que é o próprio livro publicado.

Acompanho pela internet alguns autores, e vejo que muitos iniciantes não possuem a humildade que é necessária para:
1) Não criar um texto pretensioso para sua capacidade atual de contar histórias.
2) Entender as críticas.
Muitos deles até já começam escrevendo trilogias, o que eu "desrecomendo fortemente" para iniciantes. Imaginem, o autor nem sabe ainda qual será a aceitação do primeiro livro, quanto mais de mais outros dois!
Se o escritor é soberbo, vai ficar furioso ao ouvir as críticas. Achará que não entenderam a sua genialidade. Pode até ficar desesperado, vendo ruir aquele sonho encantado de ser o próximo Paulo Coelho. Mas isso não é uma atitude vencedora.

A realidade é bem diferente. São muito mais altas as chances de o primeiro livro ficar longe de ser um dos mais vendidos (e quando digo longe, quero dizer REALMENTE longe). Então, em vez de me intimidar ou especular sobre as resenhas que estão por vir, um conselho para mim mesmo seria: Não se esqueça da humildade. Aproveite para aprender.
Se o livro foi um sucesso resultante de vários fracassos durante o processo de criação, ele em si é apenas o primeiro passo.
E aqui venho a revelar o motivo de ter escrito o livro. Não o escrevi apenas para depois poder dizer que tive um filho, plantei uma árvore e escrevi um livro. Nada disso. Meu objetivo é virar um escritor em tempo integral. Se não conseguir, morrerei tentando, e isso é o bastante para me tranquilizar. Nesse sentido, cada livro, incluindo o primeiro, será uma tentativa em direção ao sucesso.

Para um primeiro livro, fiz o melhor que pude.
Que venham as críticas, positivas e negativas. Se sinceras, serão todas muitíssimo bem-vindas. Antes de instrumentos de divulgação, tais críticas são feedbacks úteis.
Então, que venham as próximas obras.

terça-feira, 2 de julho de 2013

O livro já está à venda

O livro encontra-se à venda nas seguintes lojas online:

Loja Singular

Saraiva

Na loja da Singular, que é a própria gráfica, o prazo de entrega é menor, mas o preço é o preço cheio (R$ 64,90).

Na Saraiva, o preço é menor, pois atualmente ela está dando desconto de 12%, saindo o livro por R$56,76, além de haver a possibilidade de não pagar frete (ao solicitar que o livro seja entrege em alguma das lojas físicas da Saraiva). Porém, o prazo de entrega é maior; provavelmente chutado.

Daqui a algumas semanas, espero poder colocá-lo à venda em algumas livrarias físicas no Rio, por um preço bem mais baixo.
 

Abraço a todos,

Marcel T.

domingo, 23 de junho de 2013

Crônica #24 - Ele é do tipo que ajuda os outros?


Se você é uma criança órfã, então não possui alguém para chamar de papai ou de mamãe. Não pode dizer "mamãe! mamãe!" no frio da madrugada quando precisa de mais calor ou simplesmente quer ir ao banheiro. Não tem alguém em quem se inspirar no dia a dia. Carece de afeto, daquela presença tão especial dos pais.
Se é um idoso, então pode ser que tenha sido esquecido por aqueles que mais amou ou ainda ama, o que provavelmente já causou marcas irrecuperáveis no seu fraco coração. Talvez esteja mais solitário do que nunca, desejando que Deus o tire logo dessa situação tão sem sentido.
Se você é um drogado ou alcoólico, sabe que muitos o reprovam. Acham que é um fraco. Desconhecem o poder da dependência química e da bebida, além de seus efeitos devastadores. Talvez você simplesmente não veja saída para a sua situação cada vez mais insuportável.

Para todos vocês, o mundo parece conspirar contra.

Mas minha criança, espere! Há pessoas que lhe estenderão a mão. Que têm corações genuinamente puros. Que a alimentarão, a ajudarão a vestir-se, a limpar-se, a tomar banho e, acima de tudo, não exigirão absolutamente nada em troca. Há pessoas que, por mais extraordinário que possa parecer, se sentirão felizes ao verem um sorriso estampado em sua pequena face, mesmo que não sejam seus verdadeiros pais. Tenha então certeza de uma coisa: pode chamá-los de papai ou mamãe, pois o amor deles será o mesmo ou até maior.
A senhora ou o senhor já sem esperança, que já viu tudo nessa vida: creia que há também alguém que o ajudará. Esse alguém entenderá a situação pela qual está passando e o ajudará a fazer coisas que são tão simples, mas que já lhe representam desafios crescentes. Esse alguém ajudará a viver seus últimos dias, ouvirá suas lamentações e entenderá toda a história e a sapiência que há por trás de seu semblante cansado. E então lhe acalentará e trará um pouco da dignidade que merece.
Você que é dependente, já deve ter ouvido falar de pessoas que ajudam outros como você, que entendem que é preciso um esforço hercúleo para sair do abismo em que se encontra. Elas entenderão que você precisa ter iniciativa sim, mas também precisa de ajuda, e o ajudarão. Acima de tudo, elas ficarão muito felizes com a sua recuperação.

Para todos vocês, uma mão amiga será estendida.

Sim, nobre leitor. Anjos existem. Estão em toda parte; em orfanatos, asilos, clínicas de reabilitação e em tantos outros lugares.
São pessoas que ajudam o próximo. Elas não precisam ser reconhecidas como heróis ou heroínas. São tão mais que isso justamente porque se satisfazem com tão pouco. O que para muitos é pouco retorno para tanto trabalho, para eles e para todos os que deles dependem é algo imensurável.
Uma criança feliz, um idoso com mais dignidade ou um drogado que se vê com um futuro. Tudo isso não tem preço.
Parabéns a todos os anjos. Que nós possamos ajudá-los, com o mínimo que seja, para que tenham êxito nas suas missões na Terra.

domingo, 9 de junho de 2013

Crônica #23 - Situações de silêncio


Situação 1: no elevador 

São 11:55. Você entra no elevador e dá de cara com um vizinho. São quase dez andares até chegar ao solo. Assim que você entra, seu companheiro de viagem vertical comenta:
– Bom dia.. – Dá uma olhada no relógio, e completa – Quase boa tarde, não é?
Silêncio. Os andares passam lentamente. Você tenta algo:
– Que tempo maluco, não é? Ontem mesmo fez o maior sol.
Ele sorri e não diz nada. Você dá aquele sorriso falso. Há silêncio novamente, que impera até que a porta se abra e vocês enfim se desvencilhem.

Situação 2: no restaurante 

Volta e meia vou almoçar sozinho no restaurante da empresa. Resquício da época em que eu estava escrevendo o livro e precisava almoçar rapidamente, em 20 minutos ou menos, para depois gastar 40 minutos digitando no smartphone num local estratégico do prédio, onde ninguém conhecido pudesse me ver. 
Num belo dia estou sentado, tendo acabado de me servir. Apenas eu e uma mesa de seis lugares. Mal começo a refeição, dois jovens (um homem e uma mulher) pedem licença e sentam-se. Devem ser estagiários. 
Quando estou só, invariavelmente presto atenção à conversa alheia que chega sem esforço aos meus ouvidos. Já ouvi gente falando mal de um funcionário que não estava presente (provavelmente para se sentirem competentes), gente falando mal do cliente, funcionários comentando sobre pirataria, sobre carros, etc. Neste dia, espero ouvir o que o casal de jovens tem a dizer, mas mal sei eu que me decepcionarei. 
Mal sentam-se, ela dá a primeira garfada e desbloqueia o smartphone. Dá para ver com minha visão periférica. Rola a tela para cima e para baixo, enquanto mastiga e provavelmente confere se não perdeu alguma atualização de status dos amigos nos últimos minutos que ficou desconectada (entre a mesa de trabalho e o restaurante, no mesmo prédio). Depois, bloqueia o smartphone e continua a comer. Nenhuma palavra dos dois até agora. Silêncio.
Mal tendo ela acabado de bloquear a tela, foi a vez dele desbloquear o aparelho e fazer o mesmo. Permanece assim por alguns segundos, até que ela não se contém e desbloqueia novamente o smartphone, afinal, vai que alguém "tuitou" nos últimos 53 segundos... Eu suspeito até que estejam se comunicando via SMS, WhatsApp ou algo parecido, apesar de próximos, mas ao que tudo indica não é o caso. Cada um na sua, navegando nos seus círculos de amigos, estão bastante imersos. Num dado momento ela dá um sorriso (um "twitt" de alguém famoso?), ainda olhando para o aparelho enquanto mastiga.
Apenas vários minutos depois coincide de os dois estarem com os aparelhos bloqueados ao mesmo tempo, ao lado dos pratos. Então, não há alternativa senão conversar. O silêncio enfim  é rompido.
Um almoço solitário frustrante para mim, com pouca história para ouvir... Assim fica difícil.

Situação 3: piada sem graça

Os famosos microssegundos que você leva para entender uma piada que seu amigo conta, quando ela não é boa ou não é óbvia. Parecem eras geológicas enquanto ele aguarda a sua reação, esperando que seu sorriso amarelo se torne um sorriso de verdade ou uma gargalhada. 

Situação 4: ops, ninguém pensou nisso antes

Quando, numa reunião de trabalho com o cliente e já quase na fase final do projeto, alguém menciona um detalhe no qual ninguém pensou antes. Há um hiato até que alguém diga alguma coisa. 
O nobre leitor pode ter absoluta certeza de que o tempo de silêncio nessa situação é inversamente proporcional ao salário de quem falou. Se quem descobriu a falha no projeto foi um estagiário, pode esperar um tempo enorme (cerca de cinco segundos). Se foi um gerente de projetos, serão cerca de dois segundos.

Situação 5: o assunto acaba

Você está conversando com seus colegas, e de repente o tema se resolve, não há mais argumentos. Todos perdem o interesse pelo assunto ao mesmo tempo. Nesse momento, todos ficam pensando talvez o mesmo que você: "o que digo agora? como foi meu fim-de-semana? Melhor não. Minhas férias? Não... O tempo que virou e ficou nublado? Muito batido. Já sei. Futebol! Mas acabamos de falar sobre Neymar. A copa. Pronto, acho que vou comentar algo sobre a copa." 

domingo, 2 de junho de 2013

Crônica #22 - O trânsito, de novo?


“Não acredito, outra crônica sobre trânsito? Não!!!”

Esta deve ter sido a reação do nobre leitor ao ler o título do texto de hoje. Nada mais sintomático sobre as nossas mazelas do que um punhado de cronistas reclamando da mesma coisa. É sinal de que realmente há algo de errado. A última reclamação dos engarrafamentos no Rio que eu lembro de ter lido foi de Fernanda Torres, colunista da Veja Rio. Naquela edição, ela relatava que tenta tirar proveito dos longos trajetos diários para trabalhar, escrever, enfim, ser produtiva, já que a perda de tempo seria de outra forma inevitável.

Antes de ontem eu estava de folga e precisei ir ao shopping. Mais especificamente ao Barra Shopping, que é um centro de compras dos mais facilmente lotáveis em dias imprensados, feriados, épocas natalinas, dias que antecedem o dia das mães... enfim, em qualquer dia que precisemos visitá-lo. Ouvi dizer que há uma obra de expansão em curso, para adicionar vagas no subsolo e dar vazão à demanda, mas isso é tema para outra crônica.

Voltando. Tive a ideia de ir ao Barra Shopping para assistir a um filme e resolver algumas coisas. Quando cheguei, pouco depois das 13:30, as vagas de estacionamento já começavam a ficar escassas, por incrível que pareça.

“Feriado imprensado é assim mesmo”, pensei. Os cariocas já não devem viajar tanto quanto antigamente. Quem permaneceu na cidade deve ter tido a mesma ideia que eu, pois naquele horário a fila do cinema já estava considerável.

Com as entradas na mão, precisei ir a farmácia. Lá dentro, lembrei de um medicamento para verrugas de um renomado laboratório que precisara comprar dias antes. Chama-se Verrux. Ainda bem que aquele laboratório não fabrica remédio anti gases (como iria se camar? Peidóx?).

Quando deixei minhas compras no carro antes de ir à sala de cinema, vi que a disputa por vagas já estava feroz. Havia vários veículos nas vagas de deficientes e outros parados na área de circulação, com motoristas dentro à espreita e prontos para abordar qualquer um que carregasse sacolas de compras, ou que parecesse estar prestes a ir embora, como eu. Assim que abri a porta do meu carro, uma mulher que estava de prontidão ligou o carro e deu ré antes que outros se aproximassem. A expressão de desapontamento dela foi visível quando expliquei que eu não estava saindo.

Se naquele horário o trânsito dentro do estacionamento estava ruim, vocês podem imaginar o que encontrei às 18:00, quando estava prestes para sair. Engarrafamento dentro do shopping, devido também ao engarrafamento em todo o entorno do local! Havia filas enormes para sair.

Decidi dar a volta e tentar sair em outro ponto, mas foi em vão. Mais congestionamento. Levei uma hora só para dar a volta no terminal Alvorada, para pegar a Avenida das Américas no sentido Zona Sul. Isso mesmo, uma hora para percorrer talvez um par de quilômetros. Só depois percebi que não havia acidente, obras, etc. Era excesso de carros mesmo, dentro e fora do shopping. Naquele momento me arrependi de ter ido assistir ao filme.

Acho que permanecer em casa se tornará, cada vez mais, o programa preferido nas grandes cidades, já que sair para "entreter-se" pode representar umas duas horas de entretenimento adicionadas a muito mais horas de trânsito pesado. Para que ir ao cinema, se nossos amigos e nós mesmos podemos todos assistir a um filme simultaneamente, comendo pipoca caseira e comentando tudo em tempo real via Twitter, Skype ou redes sociais? Não é o ideal, mas se for para economizar quatro horas... Só sei que, em dezembro, passarei longe do Barra Shopping.

domingo, 26 de maio de 2013

Crônica #21 - Homenagem aos políticos


E finalmente chegou o grande dia! O dia em que um condenado pelo Supremo Tribunal Federal assumiu interinamente a Presidência da República. Já posso imaginá-lo sozinho, em seu gabinete, gritando “yes!” e fazendo gesto de vitória, para então levantar-se e mandar uma banana para todos os brasileiros.

Depois que eu soube disso, li a notícia: “Corte de Jersey condena Maluf a devolver dinheiro”. Então é isso? É preciso uma corte de outro país para condenar em definitivo o larápio a devolver dinheiro?
Ora, todos sabem que o nome “Maluf” é sinônimo de “Ladrão”. Ele é famosíssimo, até dentro da Interpol, justamente por sua cara de pau, que por sinal já está ficando manchada (pelo que percebi na TV) e precisa urgentemente de mais uma demão de óleo de peroba. É um senhor que continua solto e continua sendo reeleito, tendo seu apoio inclusive disputado por vários outros colegas de trabalho. Aquele aperto de mão...

Bem, esses são só dois exemplos. Não se deve julgar o todo pela parte. Isso é fato. Mas como os políticos brasileiros são quase todos um lixo, não tive receio de que esse texto generalizasse. Que os políticos verdadeiramente honestos não se sintam incluídos então. Seguem algumas considerações nesta minha singela “homenagem aos políticos”, que eu tenho esperança de serem lidas por pelo menos um deles:

Se você participa de obras superfaturadas, você não é esperto, de maneira alguma. Você é um cretino.
Se você está ganhando dinheiro ilícito com a Copa, você não é afortunado. Você é um ladrãozinho.
Se trabalha menos que cinco dias por semana, quando na verdade deveria, então não pode se considerar sortudo, porque você não é nada mais que um vagabundo.
Se você faz conchavos sobre os quais não pode falar em público, você não é articulado. Você é um babaca.
Se você usa a fé ou a oratória para seduzir e corromper, você não é um líder nato. Tampouco é uma pessoa ímpar. Você é apenas uma coisa insignificante, que faria um grande favor à humanidade se deixasse de existir.
Se você acha que há um bem maior no que está fazendo, e que seus meios inescrupulosos são inevitáveis devido ao fato de todos fazerem igual, então, ao contrário do que pensa, você não é inteligente. Você é burro.
Se você não tem coragem de mudar o jogo, você não é precavido. É um medroso que não merece a confiança que lhe foi dada.
Ah, já ia me esquecendo. Você que tem um curral eleitoral, que tem tradição familiar na política e não se importa com a miséria do seu estado/cidade desde que sua família se perpetue no poder e tenha o nome cravado nas fachadas de todos os monumentos e hospitais... Deve estar achando que é um grande homem. Que entrará para a história (da literatura até). Que ficará na memória dos brasileiros. Sinto muito, mas você não passa de um deslumbrado que acredita numa ilusão: a sua grandeza que, por sinal, é do tamanho de um grão de arroz, quando muito. Você passa longe de ser o mote da propaganda da Nike, que diz "encontre sua grandeza". Para politicozinhos como você, um bom slogan seria "encontre a sua insignificância".

Todos vocês, que deliberadamente fazem o mal, alguns sendo tão estúpidos a ponto de não enxergarem o prejuízo que trazem aos seus verdadeiros patrões (todos nós), saibam que existe um prazo de validade para que possam usufruir de todos os bens, carros reluzentes e jóias que os cercam. Ou acham que poderão viver assim para sempre? Até para os ateus deve haver justiça no fato de as pessoas não serem eternas.

Para mim, cem mil políticos não têm um décimo do valor de um trabalhador honesto. Vamos diminuir a importância dessa corja. Não existe "político importante", "ah, ele é um político importante". Políticos não são importantes. Importantes somos nós: o povo.

Já estou até vendo membros dessa "classe" me chamando de grosso, acusando-me de "politicofobia", de preconceituoso, etc... Bem, eu não ligo.

Aos nobres leitores, desejo um bom dia.

E a todos os políticos que não prestam, deixo meu mais amplo e irrestrito desprezo, sem medo de magoá-los, pois há milhões que já estão mais do que magoados (que estão sofrendo) simplesmente por causa dessa imoralidade.

domingo, 12 de maio de 2013

Crônica #20 - Dia das mães


Dia das mães. 9:00 de uma bela manhã de domingo. Hora de fazer compras.

No caminho, já preparo o espírito para enfrentar o mercado cheio. Na minha imaginação, aquilo estará pior que os primeiros dias do mês, quando todos correm para abastecer as despensas antes que o dinheiro acabe. Porém, para a minha surpresa, a situação não é das piores. As filas dos caixas estão grandes, mas o mercado em si está aceitável. Talvez até possa ser considerado cheio, mas como eu esperava algo muito pior, fico satisfeito.

Vou para a seção de verduras e afins, que não é a minha especialidade (sou especialista em escolher, por exemplo,  uma de diversas latas de molho de tomate na prateleira, desde que sejam todas da mesma marca). Lembro-me da minha vida pregressa, e me dou conta de que as mães, geralmente, sabem escolher legumes, frutas e verduras muito melhor do que todos. Melhor até do que seus maridos pais. Elas sabem também diferenciar perfeitamente as folhas, o que me parece uma habilidade fantástica.

Outro dia vi um homem de meia idade comentando: “nunca sei a diferença entre coentro e cheiro verde.” Ele devia estar fazendo compras sozinho, que nem eu. De fato. Agrião, cheiro verde, coentro, etc. Todos são verdes. São folhas. Mas o que me salva no momento é a seção de hidropônicos. Prefiro-os, não por serem mais saudáveis, mas sim por estarem em embalagens claramente rotuladas. No meu caso, pego agrião, inconfundível, numa embalagem plástica onde está escrito “Agrião”.

É a vez das batatas. Desta vez, inspiro-me nas mães. Se fosse somente para mim, a escolha seria aleatória, confiando numa distribuição probabilística utópica que favorece as batatas boas em detrimento das ruins. Mas então lembro-me de que o pequeno que está lá em casa, com dois anos e oito meses de idade, as irá consumir, e perco alguns segundos a mais escolhendo as de melhor aspecto.

Não adianta. Amor de mãe é diferente. Por mais que homens digam que seu sentimento pelos filhos é incondicional, não é a mesma coisa. As mães permeiam tudo o que fazem com o sentimento que guardam no peito. Na hora de fazer compras, no trabalho, durante o lazer... Enfim, em tudo o que fazem, os filhos estão sempre presentes em seus pensamentos, mesmo que indiretamente.

A todas as mães, as grandes responsáveis pelos sucessos de seus filhos e também inspiradoras de escritores e poetas, desejo um domingo repleto de alegrias.

E para a minha mãe que está fisicamente distante, em especial: estarei sempre com você. Se serve para amenizar ou compensar a saudade, saiba que eu jamais teria conseguido escrever meu primeiro livro, com o tema e a trama que consegui dar a ele depois de quatro árduos anos de trabalho, se eu não tivesse vindo para o Rio. Obrigado por tudo!

domingo, 5 de maio de 2013

Crônica #19 - O dia do Malandro


O Malandro acordou enfim, às 8:55. Ele pegaria no trabalho às 9:00, mas todo mundo atrasa um pouquinho. Não faria mal chegar um pouco depois.
Levantou-se e foi até a cozinha. Não havia nada, nem na geladeira nem fora dela. Nem sequer um mísero pedaço de pão. Morar sozinho tem dessas coisas: se ele não reabastecer a casa, ela permanecerá vazia! Se ele não tirar a cueca de dentro do banheiro, ela permanecerá lá!

Precisou então vencer a preguiça. Trocou o short por uma bermuda, mantendo a camisa amarrotada com a qual dormira e sem sequer olhar-se no espelho, e foi até o mercado.

No caminho, flatos para relaxar.

Lá dentro, foi direto à seção dos pães.

Fala amigo, bom dia! Beleza? Vem cá, deixa eu te pedir uma coisa. Me dá três, por favor, bem moreninho ele disse aquilo sem olhar o atendente, observando o traseiro de uma mulher que estava passando. Pegou também uma bandeja de presunto e foi à seção de frutas.

"Já que esse mercado me rouba, vou roubar também."

Destacou uma banana de um dos cachos pendurados e a comeu ali mesmo, inteira. Logo depois, abriu uma das embalagens lacradas de uva Thompson e comeu umas dez. Pronto, o desjejum já tinha iniciado.

Levando o carrinho de compras ao caixa, passou pela seção dos biscoitos e chocolates. Pegou um Twix e começou a comer. Esse ele pretendia pagar; afinal, ele é uma pessoa correta.

Já na fila do caixa, terminou de comer o Twix bem na hora de começar a passar as compras.

"Ah, não vou pagar por um pedaço de plástico. Problema do mercado, que me deixa esperar na fila." Pensou ele, largando a embalagem no fundo do carrinho.

Já em casa, olhou para o relógio. Já eram 9:40, mas não havia problema, pois dali até o trabalho seriam apenas dez minutos de caminhada.

Comeu seu pão com presunto, engoliu o café forte e vestiu a roupa. Olhou no espelho e deu um jeito no cabelo despenteado, com as mãos mesmo. No caminho, andava vagarosamente, eventualmente torcendo o pescoço para observar as mulheres passando.

Flatos para relaxar.

Chegou ao trabalho e cumprimentou todo mundo. Sentou-se em frente ao computador às 10:30.

Às 10:40, estafado de tanto trabalhar, deu uma pausa e perguntou ao pessoal onde seria o almoço. Perto de meio-dia, depois de ter gasto dez folhas de papel para enxugar as mãos no banheiro, saiu enfim para almoçar.

Finalmente, uma pausa! Comentou com os colegas.

No restaurante self-service, escolheu o segundo prato da pilha, de cima para baixo, como medida higiênica. Mal sabia ele que, devido ao fato da reposição ser feita colocando-se os novos pratos por cima dos já existentes, e também devido ao fato dos vinte clientes anteriores terem feito o mesmo (usar o segundo prato da pilha), ele acabou escolhendo um que ficou vinte vezes mais tempo exposto do que o que estava no topo naquele momento.

Na fila para se servir, devidamente furada por ele e por seus colegas, colocou o arroz no prato e comeu um pão de queijo. Colocou o feijão, e se serviu de uma empadinha. Ao final, ainda deu o jeito de comer três ovos de codorna antes de pesar.

No caminho de volta para o escritório, afastou-se um pouco do grupo. O motivo: flatos para relaxar, mas daqueles que com certeza não passariam despercebidos.

De volta do almoço, Malandro precisou de duas horas navegando em redes sociais para desopilar. Depois, trabalhou um pouco e deu uma pausa para o café às 16:00. Desceu com a turma e voltou para o posto de trabalho perto das 17:00. Às 17:30, já que faltava apenas meia hora para sair, decidiu dar mais uma relaxada, navegando nos sites de notícias.

Quando ele menos esperava, o chefe chegou à sua baia, passando antes por trás dele, quando ele estava indefeso. Digitou Alt+Tab para sair da página por onde estava navegando, mas já era tarde.

Oi Malandro, vai conseguir entregar o relatório hoje?
Não sei, chefe. Sei que prometi ao senhor, mas sabe como é. Muita gente me acionando... Mas amanhã eu entrego, sem falta. É que quero entregar uma coisa cem por cento pro senhor, bem feita.

O chefe não escondeu o desapontamento e saiu dali.

"Mas que ideia, chegar assim, por trás! Isso é desleal!"

Se seus colegas de trabalho produziam tanto quanto ele, Malandro não tinha razão para ser mais produtivo. Deu Alt+Tab novamente e voltou para o site de notícias esportivas, e assim permaneceu até o fim do expediente.

Se os outros produzem pouco, por que Malandro vai ser produtivo? Se os outros furam fila, por que ele também não pode furar? Se os outros comem uma coisinha sem pagar no supermercado, por que ele não pode consumir uma coisinha e algo além? Se ele chega ao shopping center e há tantas vagas de estacionamento para deficiente sem carro algum, por que ele não pode usar apenas uma? Se o vizinho dele faz gato de luz, por que ele também não pode fazer? Essas pequenas coisas não prejudicam ninguém! No banheiro do trabalho, por exemplo, não é uma folhinha de papel a mais para enxugar as mãos que vai causar um estrago ecológico!

E é assim, com esse pensamento burro, deturpado e egoísta ("eu sozinho não vou causar estrago"), que milhões de malandros causam um grande estrago na sociedade e, sem saber, pagam eles mesmos o preço.