Dia das mães. 9:00 de uma bela manhã de domingo. Hora
de fazer compras.
No caminho, já preparo o espírito para enfrentar o
mercado cheio. Na minha imaginação, aquilo estará pior que os primeiros dias do
mês, quando todos correm para abastecer as despensas antes que o dinheiro
acabe. Porém, para a minha surpresa, a situação não é das piores. As filas dos
caixas estão grandes, mas o mercado em si está aceitável. Talvez até possa ser
considerado cheio, mas como eu esperava algo muito pior, fico satisfeito.
Vou para a seção de verduras e afins, que não é a minha
especialidade (sou especialista em escolher, por exemplo, uma de diversas latas de molho de tomate
na prateleira, desde que sejam todas da mesma marca). Lembro-me da minha vida
pregressa, e me dou conta de que as mães, geralmente, sabem escolher legumes,
frutas e verduras muito melhor do que todos. Melhor até do que seus maridos
pais. Elas sabem também diferenciar perfeitamente as folhas, o que me parece
uma habilidade fantástica.
Outro dia vi um homem de meia idade comentando: “nunca
sei a diferença entre coentro e cheiro verde.” Ele devia estar fazendo compras
sozinho, que nem eu. De fato. Agrião, cheiro verde, coentro, etc. Todos são
verdes. São folhas. Mas o que me salva no momento é a seção de hidropônicos.
Prefiro-os, não por serem mais saudáveis, mas sim por estarem em embalagens
claramente rotuladas. No meu caso, pego agrião, inconfundível, numa embalagem
plástica onde está escrito “Agrião”.
É a vez das batatas. Desta vez, inspiro-me nas mães. Se
fosse somente para mim, a escolha seria aleatória, confiando numa distribuição
probabilística utópica que favorece as batatas boas em detrimento das ruins.
Mas então lembro-me de que o pequeno que está lá em casa, com dois anos e oito
meses de idade, as irá consumir, e perco alguns segundos a mais escolhendo as
de melhor aspecto.
Não adianta. Amor de mãe é diferente. Por mais que
homens digam que seu sentimento pelos filhos é incondicional, não é a mesma
coisa. As mães permeiam tudo o que fazem com o sentimento que guardam no peito.
Na hora de fazer compras, no trabalho, durante o lazer... Enfim, em tudo o que
fazem, os filhos estão sempre presentes em seus pensamentos, mesmo que
indiretamente.
A todas as mães, as grandes responsáveis pelos sucessos
de seus filhos e também inspiradoras de escritores e poetas, desejo um domingo
repleto de alegrias.
E para a minha mãe que está fisicamente distante, em
especial: estarei sempre com você. Se serve para amenizar ou compensar a
saudade, saiba que eu jamais teria conseguido escrever meu primeiro livro, com o
tema e a trama que consegui dar a ele depois de quatro árduos anos de trabalho,
se eu não tivesse vindo para o Rio. Obrigado por tudo!
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