Certa
vez minha mãe me perguntou: o que é 3G?
Respondi:
É um padrão de telefonia celular.
Impossível
uma resposta pior. Padrão de quê? O que é o “3” do 3G? E o “G”, o que
significa? Naquele momento não pensei em ser didático. Ponderei que minha
incapacidade de dar verbalmente explicações elaboradas faria ambos perderem
bastante tempo num discurso que muito provavelmente seria chato. Ensinar a um
leigo algo do meu ofício é, para mim, tarefa das mais desafiadoras. Mas, se eu
tivesse tido um pouco mais de boa vontade na ocasião, teria dito pelo menos
isso: trata-se da terceira geração de padrões de comunicação da telefonia
móvel.
Não
me leve a mal, nobre leitor. Não costumo ser ranzinza, e na ocasião realmente
não o fui. Provavelmente teria dado uma pequena aula caso se tratasse de um
desconhecido. Mas sabe como é, santo de casa... Mesmo assim, a aula não teria
sido das melhores. Se algum dia eu me tornar um exímio orador, ou docente
reconhecido pelos alunos de alguma universidade, terá sido a maior das
histórias de superação, de todos os tempos, de toda a humanidade; maior até do
que de alguém raquítico e com asma que se torna nadador olímpico e ganha dez
medalhas de ouro em três competições consecutivas. Acho que deu para ter uma
ideia de como levo jeito para falar.
Mas
a vida nos ensina que devemos aprender. Às vezes somos colocados numa posição
desconfortável, para que enxerguemos onde erramos. Foi assim num dia em que
precisei do suporte de TI de uma empresa onde trabalhei. Precisei daqueles
profissionais, que têm a consciência de que nem todos precisam ter a mesma
experiência e discernimento acerca do ofício deles. Eles sabem da importância
de explicar o que estão fazendo com os computadores dos usuários quando atendem
aos seus chamados, mesmo que aquela explicação tenha sido repetida mil vezes
naquele dia.
O
motivo da minha ligação foi solucionar um problema no software de acesso ao
email corporativo que rodava no meu computador. Eu não conseguia mandar
mensagem alguma. O profissional foi muito educado, mas pediu acesso remoto ao
meu computador e foi fazendo tudo ele mesmo, sem me dar ciência do porque de
cada passo. Pedi para que ele esclarecesse o que estava fazendo, e fui
atendido.
Percebi
como pode ser ruim pedir mais informações a alguém e correr o risco de não as
obter. Ter que implorar por mais detalhes ao detentor do conhecimento que,
mesmo não tendo a obrigação de ensinar, fica com a imagem de alguém pedante
caso não se disponha a ajudar.
Didático.
Acho que essa é a palavra que eu deveria perseguir. Devo ser mais didático e
aprender não apenas com os exemplos dos bons professores, mas também com aquele
que se dispõe a me ouvir.