“Não acredito, outra crônica sobre trânsito? Não!!!”
Esta deve ter sido a reação do nobre leitor ao ler o
título do texto de hoje. Nada mais sintomático sobre as nossas mazelas do que
um punhado de cronistas reclamando da mesma coisa. É sinal de que realmente há
algo de errado. A última reclamação dos engarrafamentos no Rio que eu lembro de
ter lido foi de Fernanda Torres, colunista da Veja Rio. Naquela edição, ela
relatava que tenta tirar proveito dos longos trajetos diários para trabalhar,
escrever, enfim, ser produtiva, já que a perda de tempo seria de outra forma
inevitável.
Antes de ontem eu estava de folga e precisei ir ao shopping.
Mais especificamente ao Barra Shopping, que é um centro de compras dos mais
facilmente lotáveis em dias imprensados, feriados, épocas natalinas, dias
que antecedem o dia das mães... enfim, em qualquer dia que precisemos
visitá-lo. Ouvi dizer que há uma obra de expansão em curso, para adicionar
vagas no subsolo e dar vazão à demanda, mas isso é tema para outra crônica.
Voltando. Tive a ideia de ir ao Barra Shopping para
assistir a um filme e resolver algumas coisas. Quando cheguei, pouco depois das
13:30, as vagas de estacionamento já começavam a ficar escassas, por incrível
que pareça.
“Feriado imprensado é assim mesmo”, pensei. Os cariocas
já não devem viajar tanto quanto antigamente. Quem permaneceu na cidade deve
ter tido a mesma ideia que eu, pois naquele horário a fila do cinema já estava
considerável.
Com as entradas na mão, precisei ir a farmácia. Lá
dentro, lembrei de um medicamento para verrugas de um renomado laboratório que
precisara comprar dias antes. Chama-se Verrux. Ainda bem que aquele laboratório
não fabrica remédio anti gases (como iria se camar? Peidóx?).
Quando deixei minhas compras no carro antes de ir à
sala de cinema, vi que a disputa por vagas já estava feroz. Havia vários veículos nas vagas de deficientes e outros parados na área de circulação, com
motoristas dentro à espreita e prontos para abordar qualquer um que carregasse
sacolas de compras, ou que parecesse estar
prestes a ir embora, como eu. Assim que abri a porta do meu carro, uma mulher
que estava de prontidão ligou o carro e deu ré antes que outros se aproximassem. A
expressão de desapontamento dela foi visível quando expliquei que eu não estava
saindo.
Se naquele horário o trânsito dentro do estacionamento
estava ruim, vocês podem imaginar o que encontrei às 18:00, quando estava prestes para sair. Engarrafamento dentro do shopping,
devido também ao engarrafamento em todo o entorno do local! Havia filas enormes
para sair.
Acho que permanecer em casa se tornará, cada vez mais, o programa preferido nas grandes cidades, já que sair para "entreter-se" pode representar umas duas horas de entretenimento adicionadas a muito mais horas de trânsito pesado. Para que ir ao cinema, se nossos amigos e nós mesmos podemos todos assistir a um filme simultaneamente, comendo pipoca caseira e comentando tudo em tempo real via Twitter, Skype ou redes sociais? Não é o ideal, mas se for para economizar quatro horas... Só sei que, em dezembro, passarei longe do Barra Shopping.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.