Nobre leitor,
gostaria de pedir desculpas pelo tom da crônica a seguir. Ela talvez não sirva
para divertir, nem é descontraída. Eu apenas precisava escrevê-la.
Para o dia de
hoje, eu pretendia publicar algo engraçado sobre figuras de linguagem. Mas
quando vi uma notícia no jornal, informando que apoiadores de um determinado
político estavam preparando um dossiê sobre os inimigos para tentar impedir a
cassação dele, mudei de ideia. E acabou que o título desta crônica ficou
parecendo uma verdadeira antítese.
Esses apoiadores,
correligionários, companheiros, ou como quer que devamos chamar essa corja,
querem usar a podridão que os cerca para se safarem. E quando isso acontece,
vemos como estamos indo pelo caminho errado. Nas próximas eleições, escolherei
meu candidato como um patrão escolhe seus subordinados:
"Ah, esse
político tem uma habilidade incrível para liderar as massas. Só rouba um
pouquinho, mas é em função de um bem maior." Não serve.
"Esse aqui
rouba mas faz. E faz bem feito. Vê as obras, o legado que ele deixou? Claro que
ficaram um pouco superfaturadas, mas fazer o quê? Nesse país ninguém consegue
fazer nada sem ceder um pouco." Pelo amor de Deus! Também não serve!
"Há esse
aqui. Jovem, ambicioso. Parece que tem ética. No passado se envolveu com políticos
inescrupulosos, mas hoje não vejo nada de errado com ele." Subiu por meios
torpes. Não serve.
"Bem, o
fulano é um pouco racista, rouba um pouquinho e faz algumas coisas um pouco
deploráveis, como estelionato, etc. Mas olha, é muito religioso, temente a
Deus. Deve ser uma boa pessoa." Tudo um pouco... Se é um pouco podre, já é
podre. Usa a religião para roubar? Esses são os piores. Não presta.
"Este político
foi um guerreiro no passado. Cometeu alguns deslizes, e foi condenado, coitado.
Eu votaria nele. Lutou por uma causa nobre." Pode ter sido o Jesus Cristo,
a Madre Tereza ou o Dalai Lama no passado (supostamente). Se passou a roubar, não
presta.
"Ih, olha
esse aqui, coitado. Quase não tem tempo na TV, no horário político. As ideias
dele até parecem boas, parece ser honesto (argh! que cafona!) mas não tem
chance. Cadê as alianças políticas de peso, para fazer funcionar os projetos
necessários ao nosso desenvolvimento?" Eu já começo a considerar esse
candidato como merecedor do meu voto. Vou analisar com calma.
Certa vez, meu
finado pai me disse algo como: "Se você um dia vier a ser político, não
será mais meu filho." Ele era jornalista, e devia conhecer os bastidores.
Espero que ele não se importe por eu tê-lo citado aqui. O nobre leitor já deve
ter percebido então como simpatizo com os políticos. Mas o intuito disso tudo é
simples: sugerir que sigamos, todos, o caminho da ética.
Lembremo-nos:
conchavo=corrupção=futuro incerto. A esperteza, o jeitinho e as ideologias
deturpadas são verdadeiros venenos quando entranhadas nos órgãos públicos.
Quando alguém
chega ao ponto de precisar fazer um dossiê sobre o inimigo para se safar, está
na cara que exemplo de honestidade esse alguém não é. Chega de dossiês. Sonho
com um futuro de transparência total, sem dossiês, e com um povo atuante, que
grita, que fica indignado, que chuta para fora os representantes que se
mostrarem não merecedores do seu voto, que também dá exemplo no dia a dia...
Ok, esta última foi demais. De volta à realidade...
Não estamos
restritos a duas ou três opções na hora de votar. Esqueçamos a ideia de que na
política temos que torcer sempre para um determinado time. Façamos nossas
pesquisas. Votemos nas pessoas, e não nos times (partidos). Nosso filhos, netos
e bisnetos serão mais prósperos e agradecerão.
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