domingo, 2 de junho de 2013

Crônica #22 - O trânsito, de novo?


“Não acredito, outra crônica sobre trânsito? Não!!!”

Esta deve ter sido a reação do nobre leitor ao ler o título do texto de hoje. Nada mais sintomático sobre as nossas mazelas do que um punhado de cronistas reclamando da mesma coisa. É sinal de que realmente há algo de errado. A última reclamação dos engarrafamentos no Rio que eu lembro de ter lido foi de Fernanda Torres, colunista da Veja Rio. Naquela edição, ela relatava que tenta tirar proveito dos longos trajetos diários para trabalhar, escrever, enfim, ser produtiva, já que a perda de tempo seria de outra forma inevitável.

Antes de ontem eu estava de folga e precisei ir ao shopping. Mais especificamente ao Barra Shopping, que é um centro de compras dos mais facilmente lotáveis em dias imprensados, feriados, épocas natalinas, dias que antecedem o dia das mães... enfim, em qualquer dia que precisemos visitá-lo. Ouvi dizer que há uma obra de expansão em curso, para adicionar vagas no subsolo e dar vazão à demanda, mas isso é tema para outra crônica.

Voltando. Tive a ideia de ir ao Barra Shopping para assistir a um filme e resolver algumas coisas. Quando cheguei, pouco depois das 13:30, as vagas de estacionamento já começavam a ficar escassas, por incrível que pareça.

“Feriado imprensado é assim mesmo”, pensei. Os cariocas já não devem viajar tanto quanto antigamente. Quem permaneceu na cidade deve ter tido a mesma ideia que eu, pois naquele horário a fila do cinema já estava considerável.

Com as entradas na mão, precisei ir a farmácia. Lá dentro, lembrei de um medicamento para verrugas de um renomado laboratório que precisara comprar dias antes. Chama-se Verrux. Ainda bem que aquele laboratório não fabrica remédio anti gases (como iria se camar? Peidóx?).

Quando deixei minhas compras no carro antes de ir à sala de cinema, vi que a disputa por vagas já estava feroz. Havia vários veículos nas vagas de deficientes e outros parados na área de circulação, com motoristas dentro à espreita e prontos para abordar qualquer um que carregasse sacolas de compras, ou que parecesse estar prestes a ir embora, como eu. Assim que abri a porta do meu carro, uma mulher que estava de prontidão ligou o carro e deu ré antes que outros se aproximassem. A expressão de desapontamento dela foi visível quando expliquei que eu não estava saindo.

Se naquele horário o trânsito dentro do estacionamento estava ruim, vocês podem imaginar o que encontrei às 18:00, quando estava prestes para sair. Engarrafamento dentro do shopping, devido também ao engarrafamento em todo o entorno do local! Havia filas enormes para sair.

Decidi dar a volta e tentar sair em outro ponto, mas foi em vão. Mais congestionamento. Levei uma hora só para dar a volta no terminal Alvorada, para pegar a Avenida das Américas no sentido Zona Sul. Isso mesmo, uma hora para percorrer talvez um par de quilômetros. Só depois percebi que não havia acidente, obras, etc. Era excesso de carros mesmo, dentro e fora do shopping. Naquele momento me arrependi de ter ido assistir ao filme.

Acho que permanecer em casa se tornará, cada vez mais, o programa preferido nas grandes cidades, já que sair para "entreter-se" pode representar umas duas horas de entretenimento adicionadas a muito mais horas de trânsito pesado. Para que ir ao cinema, se nossos amigos e nós mesmos podemos todos assistir a um filme simultaneamente, comendo pipoca caseira e comentando tudo em tempo real via Twitter, Skype ou redes sociais? Não é o ideal, mas se for para economizar quatro horas... Só sei que, em dezembro, passarei longe do Barra Shopping.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.